Como a relação intestino-cérebro influencia certas preferência alimentares?
- nutrindoconsciente
- 30 de mai.
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Atualizado: 1 de jun.

Estudos recentes mostram que o tecido intestinal também possui receptores gustativos.
O intestino delgado contém receptores que identificam sabores, semelhante aos encontrados na língua, que detectam nutrientes e substâncias químicas nos alimentos (receptores gustativos).
Os receptores gustativos do tecido intestinal se comunicam com a região cerebral através de uma complexa rede de sinais químicos e nervosos. Quando os receptores gustativos intestinais detectam nutrientes, eles liberam hormônios que sinalizam a presença de alimentos no intestino.
Essa comunicação se dá via nervo vago - um nervo craniano que conecta o intestino ao cérebro e transmite sinais químicos e nervosos entre os dois. Os hormônios liberados pelo intestino, como a colecistocinina (CCK), podem atravessar a barreira hematoencefálica e se ligar a receptores no cérebro, influenciando a sensação de saciedade.
Além disso, a microbiota intestinal também pode influenciar a comunicação entre o intestino e o cérebro, produzindo substâncias químicas que afetam a função cerebral. O hipotálamo é a região do cérebro que regula a fome, a saciedade e o metabolismo, e recebe sinais do intestino através do nervo vago e hormônios.
O Núcleo Accumbens (NAc). é uma estrutura que compõem os gânglios basais, qu, por sua vez, faz parte do cérebro reptiliano - a parte do cérebro mais primitiva e institinva. O Núcleo Accumbens (NAc) é reconhecido como o Centro do Sistema do Prazer e da Recompensa - um sistema neural que reage a estímulos agradáveis e contribui para a sensação de prazer e bem-estar. A liberação de dopamina no NAc é um fator importante nessa via, pois influencia o sistema de recompensa via prazer imediato.
O NAc está envolvido em comportamentos como prazer, compulsão e dependência. Além de sua função na recompensa, o NAc também desempenha um papel na cognição social, tomada de decisão e respostas emocionais.
O núcleo accumbens (NAc) também faz parte do sistema límbico, associado as emoções.
Essa parte do cérebro mais ancestral, movido pelo instinto e pelas emoções, guarda uma memória de preservar energia, diminuindo o gasto energético e priorizando o menor esforço, com a máxima recompensa - DNA primitivo, de sobrevivência. Assim, quando essa parte do cérebro entra em maior atividade, seja movido por impulsos e instintivos, ou pelas emoções e desejo de prazer imediato, certos comportamentos indulgentes são estimulados - com propensão a ceder por “justificativas emocionais” e forma de compensação, busca de prazer ou fuga da realidade.
A questão é quando esse sistema instintivo passa a dominar, a MOTIVAÇÃO para fazer algo é associado a “necessidade de alguma recompensa" pelo esforço realizado. Ou seja, certos comportamentos passam a ser "justificados" por essa necessidade de alguma recompensa frente a um esforço. Por exemplo, seria um pensamento assim: "cumpri uma tarefa difícil, um dever, um prazo... passei por um stress ou pressão, e agora mereço algo em troca" - esse é o mecanismo mais comum de auto-sabotagem, associado ao comportamento alimentar. É comum, acontece o tempo inteiro, é algo “instintivo" ligado a esse sistema límbico e reptiliano ancestral. Por isso, tais mecanismos não podem ser ignorados, e sim, compreendidos para que estratégias eficazes e inteligentes possam fazer frente.
Para tanto, mesmo que a pessoa saiba que a longo prazo esse tipo de raciocínio pode sabotar sua saúde, vai muito além de saber... é todo uma processo de auto-conscientização que passa por entender como tudo isso funciona, e estratégias adequadas para lidar.
Além da tomada de consciência do padrão sabotador por trás desse “raciocínio”, muitas vezes se faz necessário auxilio profissional com estratégias eficientes para lidar com esses padrões emocionais de motivação x recompensa.
Ocorre que se um determinado alimento é mais comumente usado como "merecimento" pelo enfrentamento de situações desafiantes emocionais, psicológicas ou físicas, aqueles mesmos receptores gustativos intestinais mencionados no início, registram aquela informação (como se formasse uma trilha mental), e cada vez que se tem os mesmos estímulos desafiantes, a repetição daquele determinado comportamento compensativo fica mais comum; mas difícil se torna resistir ao próximo episódio. Ex. Se a maioria das vezes o individuo ceder a tentação de comer doce quanto está estressado, qualquer gatilho de stress terá mais propensão para faze-lo repetir esse padrão.
Se a mente concreta e certos pensamentos sabotadores conspiram para “enganar e fazer cair em tentação”; a Consciência poder ser a bússola que pondera, contraponto pensamentos: EX. "ok, tal comida está aqui disponível bem na minha frente, mas será que preciso mesmo, vai nutrir, vai alimentar, vai sustentar?
Entre um pensamento e outro, surgi a pausa para RESPIRAR e, oxigenando o cérebro, se ganha perspectiva....
Nem todo sinal é fome, pode ser falta de água....
"Então, antes de ceder ao primeiro impulso de comer, antes vou tomar uma água, comer uma fruta".... E nesse ínterim, se ganha tempo e se readiquiria a consciência de compreensão para se vencer aquele instinto, como uma força orientada por um propósito maior... por isso que se diz: no primeiro sinal de fome, tome água!
Você sabia: Fungos podem moldar o desejo alimentar
Alguns fungos que habitam o intestino, podem influenciar os desejos alimentares através do desequilíbrio da microbiota intestinal. Este desequilíbrio, conhecido como disbiose, pode aumentar a vontade de comer doces e outros alimentos, além de estar associado a outros sintomas como inchaço abdominal.
Sinais de fome e saciedade:
Um desequilíbrio na microbiota intestinal pode afetar a produção de neurotransmissores que regulam o apetite, como a serotonina, o que pode levar a alterações nos desejos alimentares.
Como lidar com a situação:
Dieta equilibrada: Uma dieta rica em alimentos com prebióticos (que alimentam as bactérias benéficas) e probióticos (que são bactérias benéficas em si) pode ajudar a equilibrar a microbiota intestinal.
Evitar alimentos que pioram a disbiose: Acredita-se que o consumo excessivo de açúcar e alimentos processados pode contribuir para o crescimento de fungos no intestino.
Considerar a suplementação: Em alguns casos, a suplementação com probióticos pode ser recomendada para ajudar a restaurar o equilíbrio da microbiota intestinal.
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