NUTRIÇÃO PARA IMUNIDADE
- nutrindoconsciente
- 8 de jun. de 2021
- 6 min de leitura
TEMPOS DE AUTO-FORTALECIMENTO: Como reforçar a IMUNIDADE?

Vivemos tempos inomináveis em que estamos sujeitos a patogêneses altamente virulentas e complexas. Situações díspares de indivíduos que convivem na mesma família e que podem apresentar quadros totalmente distintos (um indivíduo sendo infectado e apresentando sintomas; enquanto outro(s) do mesmo convívio passam ilesos).
Ressurgi assim a questão da importância de um sistema imunológico ativo e responsivo na medida certa!
Uma das principais características da infeção por COVID, envolve supressão da resposta inata do sistema imune e indução de stress oxidativo seguido por um estado de hiper-inflamação do organismo, descrito como “tempestade inflamatória” que causa injúrias dos tecidos e uma séria de desdobramentos fisiológicos que podem colocar a vida em risco.
Muitas substâncias nutracêuticas (fitoquímicos presentes nos alimentos vegetais e nos frutos com atividade funcional no organismo) tem a habilidade de reforçar a imunidade com efeitos antivirais, antioxidantes e anti-inflamatórias.
Estes compostos bioativos incluem o Zinco, a Vitamina D, a vitamina C, Vitamina A, Vitamina E, Selênio, Vitaminas do complexo B, e outras substâncias protetivas como a Curcumina, os Probióticos, Quercetina e outros fitoquímicos. Estes compostos contém fitonutrientes que auxiliam a fortalecer o sistema imunológico contra patógenos externos, inclusive prevenindo a propagação de vírus e bactérias que podem levar a estágios agravados de infecção, seguidos de processos inflamatórios que comprometem a saúde.
Nesse abordagem, faremos uma síntese desses principais compostos bioativos com propriedades imunomoduladoras (que favorece a imunidade).
Zinco: mineral essencial para uma vários processos biológicos. Atua como co-fator de enzimas envolvidas na questão imunológica, sendo importante na maturação de células imunes como os linfócitos. Regula a resposta inflamatória para que não se exacerbe demais complicando o quadro > ou seja, diminui a severidade das reações inflamatórias_imunológicas e modula a replicação viral para que não se propague a nível respiratório (efeito antioxidante e anti-inflamatório). FONTES: feijões, nozes, grãos integrais, brócolis, ostras
Vitamina D: importante função na resposta antiviral, como imunomoduladora e antioxidante (previne o stress oxidativo relacionado a oxidação de proteínas). Facilita as funções mitocôndrias (na produção de energia para as células reagirem) e atua aumentando as defesas imunológicas inatas, com redução do risco de sintomas respiratórios agudos. Também apresenta efeito antimicrobiano (redução na replicação viral). A nível intestinal, a vitamina D preserva as funções da barreira do intestino (mantém a aderência das junções de células epiteliais) preservando essa barreira inata do sistema imune. Atua ainda como um mediador inflamatório que estimula a ação das células T reduzindo a expressão de citocinas pró-inflamatórias. FONTES: Na sua forma natural (cholecalciferol) pode ser encontrada em óleos de peixes na gema do ovo. Também produzida na epiderme pela ação dos raios ultravioleta B (UVB) pela exposição ao sol.
Vitamina C: potencialmente protetora contra infecções devido a seu essencial papel na resposta imune. Está vitamina hidrossolúvel oferece suporte a várias células imunológicas na defesa do organismo. Reduz a severidade e duração de infecções respiratórias, incluindo resfriados e gripes. Seu efeito no sistema imune é de amplo espectro incluindo a promoção de fagocitose de vírus e desenvolvimento/maturação de linfóticos T (células imunológicas com respostas antivirais). Também é importante para a função antioxidante e exerce papel na mediação da resposta ao stress que advém numa sepse (quando a resposta do organismo frente a uma infecção sistêmica danifica os próprios tecidos e células). Fontes: acerola, maracujá, cítricos, kiwi, camu-camu (se for suplemento de melhor qualidade de absorção em doses fracionadas)
VITAMINA A: apresenta função antioxidante protetiva, que auxilia a reduzir o processo oxidativo (reduz os danos decorrentes do processo inflamatório). Papel crucial em certos processos imuno-reguladores (promove a proliferação de linfócitos T – células de defesa). Estudos também mostram que a vitamina A melhora a função pulmonar (controla a expressão de proteínas surfactantes). Também apresenta propriedades antimicrobianas. Fontes: ovos, frutas e vegetais de cor alaranjada como cenouras, abóbora, batata doce, manga (contém carotenóides pró-vitamina A). Estes carotenóides são convertidos para “retinoids” no corpo.
“The pulmonary, immunomodulatory, and antimicrobial roles of vitamin A may enact a crucial element in the fight against viral diseases, including COVID-19”
Vitamina E: Além de ser um potente antioxidante capaz de neutralizar radicais livres (diminui o stress oxidativo decorrente da infecção viral), também possui ação imunomoduladora pois aumenta a resposta dos anti-corpos (ativação de macrófagos); protege as membranas celulares (contra peroxidação lipídica) e melhora a resposta imune adaptativa que responde a infecções virais do trato respiratório. Fontes: oleaginosas como amêndoas, nozes, avelã, amendoim, abacate, azeite de oliva e semente de girassol.
Selênio: micronutriente essencial em vários processos fisiológicos com importante atividade antioxidante (propriedades antivirais) e anti-inflamatória (suprime inflamações severas em tecidos como o dos pulmões e intestino). Estimula a resposta de muitas células imunes (aumenta a imunidade com proliferação de células T), incluindo a expressão de proteínas inflamatórias e citocinas. Apresenta ainda atividade anti-coagulante. Fontes: castanhas, amêndoa, milho, alho, cebola, repolho, brócolis.
Efeito anti-viral para melhora da imunidade: Compostos com EFEITO ANTI-INFLAMATÓRIO
Quercetina: antioxidante com propriedade anti-inflamatória que ajuda a modular o sistema imunológico: presente na cebola, na maça (estudos mostram efeito antiviral)
Alicina: econtrado no alho e cebola (antibiótico natural com ação antiviral e antioxidante) - maior atividade biológica quando ingeridos crus
Lactoferrina (peptídeo presente no Whey protein): proteína que ajuda a melhorar imunidade
Cúrcumina: composto presente na cúrcuma (açafrão da terra) > pode ser utilizado em pó nas preparações como caldos, sopas, feijão (ou também ser tomada em cápsula)
Própolis: contém flavonoides com amplas propriedades biológicas. Atua como antibiótica (anti-microbial) com efeito imunomodulador.
Probióticos: contribui para uma flora intestinal saudável; evita a disbiose e inflamações intestinais (colite, síndrome do intestino irritável) - presente nos FERMENTADOS (vide post)
Piperina (pimenta preta) + combinado ao açafrão (curcumina) potencializa a ação antioxidante
Castanhas (selênio, vitamina E) – efeito antioxidante protetor com redução da cascata inflamatória
Canela (contém o fitonutriente cinnamaldehyde com propriedades anti-inflamatórias): efeito termogênico que ativa as funções metabólicas e a ação antiviral (assim como o óleo essencial de orégano)
Papel fisiológico de vitaminas do complexo B (vide quadro abaixo)
Estudos sugerem que as vitaminas do complexo B podem regular citocinas inflamatórias e mediar a interação com células do sistema imune. A vitamina B1, por exemplo, atua como coenzima contribuindo para o metabolismo da glicose, proteína e gorduras (na produção de energia). Sua deficiência no sistema nervoso pode prejudicar a síntese de ácidos graxos e colesterol necessários a função das membranas. E também induzir a expressão de mediadores inflamatórios (IL-1, IL-6, COX-2, and TNF-α) com perda de células nervosas causando danos neuroinflamatórios.
B1 – Tiamina (100 mg caso esteja com sintomas de infecção): participa de vários processos para transformar glicose em energia; reduz o stress oxidativo e a mortalidade (sobretudo pacientes com sepse e alterações cardiovasculares) Fontes: cereais integrais como a aveia, arroz integral (processo de refinamento retira essa vitamina), leguminosas como os feijões, levedo de cerveja
B2 – Riboflavina: possui efeitos imunomoduladores e a deficiência desregula a expressão de genes pró-inflamatórios. Fontes: vegetais folhosos (couve, brócolis, espinafre, repolho, agrião), semente de girassol, ervilha,
B7 – Biotina: também reconhecida como uma vitamina imunoreguladora que atua por meio da esxpressão de citocinas inflamatórias. Fontes: couve-flor, cogumelhos, sardinha, abacate, banana, framboesa
Vitaminas B6, B12 e folato (B9) > importante papel em ambas frentes de resposta imunológica (sistema de defesa adaptativo e inato). Estudos mostram o papel que exercem na mediação da resposta imune frente a infecções virais.

Nutrients. 2020 Sep; 12(9): 2550
OBSERVAÇÕES BASEADAS NOS ESTUDOS CIENTÍFICOS:
Existe forte evidência científica, proveniente de estudos da fisiologia e farmacologia orgânica, sobre o papel dos compostos bioativos e fitoquímicos na prevenção e diminuição das complicação por infecção viral, com ação de suporte a terapias.
Ressalta-se ainda o valor de uma dieta com um balanço equilibrado de micronutrientes aplicado as necessidades destes tempos sem precedentes.
Lembrando que o reforço natural da imunidade provém de um conjunto de ações diárias incluídas num Estilo de Vida saudável.
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Referencias Bibliográficas:
Gombart A.F., Pierre A., Maggini S. A review of micronutrients and the immune System–working in harmony to reduce the risk of infection. Nutrients. 2020;12(1):236
Bae M, Kim H. Mini-Review on the Roles of Vitamin C, Vitamin D, and Selenium in the Immune System against COVID-19. Molecules. 2020 Nov 16;25(22):5346.
McCartney D.M., Byrne D.G. Optimisation of vitamin D status for enhanced immuno-protection against COVID-19. Ir. Med. J. 2020;113:58
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Senses H. Vitamin C Effective Against COVID-19: Expert. Anadolu Agency; Ankara, Turkey: 2020
Wu D., Meydani S. Age-associated changes in immune function: Impact of vitamin E intervention and the underlying mechanisms. Endocrine Metab. Immune Disord. Targets. 2014;14:283–289
Galanakis C.M. The Food Systems in the Era of the Coronavirus (COVID-19) Pandemic Crisis. Foods. 2020;9:523
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